O Diretor Presidente da GJP Hotels & Resorts, Guilherme Paulus, fará hoje a palestra de abertura a IV Semana Acadêmica da UCS - Canela, às 19h40min. O tema da palestra será " Case de sucesso CVC e GJP - Empreendedorismo e história". OS LUGARES JÁ ESTÃO COMPLETAMENTE ESGOTADOS!
Pra quem não sabe, o amigo Guilherme quase nem se lembra de sua infância. Pertencia a uma classe social que não era paupérrima, mas não era classe média. Aos 14 anos, repetiu de ano e seu pai colocou-o para trabalhar e estudar. Trabalhou numa loja de zíper, depois como contínuo na Philips. Aos 18, fez estágio na IBM, ganhou uma graninha e foi para a Europa. Voltou diferente. Era a revolução jovem: cabelo comprido e barba. Ganhou apelido de Jesus porque seu segundo nome é Jesus. Na volta, passou no teste para trabalhar numa empresa, mas me mandaram cortar o cabelo. Foi embora. Foi quando conseguiu emprego na Casa Faro Turismo. Um dia foi acompanhar um grupo numa viagem de navio. Nesse grupo tinha um deputado de Santo André, que estava viajando com a mulher. Era um navio com muitos europeus. O jantar era cedo, depois tinha um filme francês sem legenda. No segundo dia, estava tedioso. Então inventou de fazer bingo, crioi gincanas, brincadeiras... O deputado voltou encantado do passeio. Dizia: "Quero montar uma agência de viagem em Santo André."
Passou o tempo e ele ligou convidando-o para trabalhar com ele. Respondeu que não e agradeceu. Disse que Santo André era longe. Num outro dia, ligou de novo e chamou-lhe para conhecer a Assembleia Legislativa. Foi a primeira vez que tomeou leite tipo A. Era caro, chique, mais forte, concentrado. Só na Assembleia afirma Guilherme... "Parecia um clube, tinha até engraxate."
No dia seguinte, o deputado liga outra vez: "Vamos tomar um uísque?" E fez uma oferta: "Vamos montar a agência: eu, minha esposa e você, com 33% cada um. Você me paga com seu trabalho." Respondi: "Legal." Ele tinha 23 anos. Sua mãe disse: "É político? Meu filho, você já está empregado. Vai arriscar. Quem é esse homem?" Estava quase noivo e fui falar com Luiza. E ela: "Está maluco?" Falou com o Dr. Mário, da Casa Faro. Pedi para ele deixar a porta aberta, para eu voltar se desse errado. Mas ele negou. Aí pensou: "Agora estou sem emprego." E ligou para o deputado.
Quando começou a criar o nome da agência, disse ao deputado que gostava de sigla e que, dos três sócios, quem era conhecido era ele. Foi deputado, ia ser candidato a prefeito. Então CVC, de Carlos Vicente Cerchiari, ficou legal. Todos nós somos vaidosos, não só o deputado. Ele era um pouquinho mais. A agência era mais voltada ao mercado corporativo, porque o ABC era rico com a indústria automobilística. Carlos foi candidato, mas perdeu e entrou em depressão. Depois da eleição, eu disse a ele que a CVC estava cheia de dívidas por causa da campanha e que ficaria difícil vivermos dela. Mas ele quis que eu ficasse no negócio. Ele falou: "Quando você casou, eu nem dei presente. Vou te dar a CVC de presente!" E ele pensou: "Meu Deus! Como vou explicar isso para a Luiza? Ela, grávida, e eu pego uma agência toda endividada!" Respondi: "Não precisa, você me deu o colchão!"
Expliquei a ele que as dívidas da CVC eram dele e que eu não podia responder por elas. Acabou acertando a dívida e ele aceitou ficar. Mas mesmo assim tinha que fazer milagre e começou do nada. Segundo Paulus: "Eu dei sorte. Logo consegui o contrato para fazer uma viagem para a Mercedes, de três ônibus, para o vale do Itajaí. Fiz as mesmas gincanas. Apresentávamos o motorista. Naquela época, não se fazia isso. Era legal porque as pessoas se conheciam".
Me falaram para procurar o departamento de lazer de outras empresas. Foi à Ford. Começou a queimar a cabeça! Passeio para onde? Santos? Bertioga? Era difícil brigar com outras empresas que tinham ônibus próprios. Então, fez o passeio de Barra Bonita com as eclusas do rio Tietê. Tinha almoço a bordo com nhoque frito. Todo mundo dançava, ficava alegre. Pegou essa exclusividade e foi inovando no roteiro. Pesquisava e começava a fazer excursão. Queria coisa diferente. As pessoas que viajavam com ele pediam mais roteiros: Bahia. Ele pensava: "Mas Bahia de ônibus?" Depois partiu para o avião. Quase não existia turismo aéreo. Foi Manaus, Buenos Aires... Na Bahia, pediu um pessoal vestido de índio para recepcionar os turistas. Era a época do axé. Porto Seguro virou sucesso. Também começou a fazer viagens da terceira idade. "Essas velhinhas viajam! Para ver o Roberto Carlos, no Canecão, chegamos a levar 30 ônibus num final de semana", afirma.
A CVC cresceu porque tinha viagens para todos os bolsos. Ele calculava que o fim de semana no Rio não podia custar mais do que uma fatia do salário. Em 2007, criou o conselho para preparar a sucessão e perpetuar a marca. A venda da CVC para o Carlyle aconteceu em 2010. É hoje presidente do conselho da CVC e tem 25% da companhia. Agora está na hotelaria, fundou a GJP [Guilherme Jesus Paulus]. Começou com dois hotéis e hoje são quase 20. A meta é chegar ao exterior. É o desafio segundo Guilherme. E quem duvida?
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