Fatos e reflexões - por Paulo Queiroga
O 37º Congresso Nacional da ABAV – Feira das Américas, ocorrido recentemente no Rio de Janeiro, foi um sucesso, especialmente para Minas Gerais. Presentes cerca de 30 mil pessoas, entre operadoras, transportadoras, hoteleiros, órgãos oficiais de turismo, entidades de cultura e artesanato, imprensa e outros ligados ao setor. Minas Gerais foi o Estado patrono do evento, o que significou um vultoso patrocínio para obter igualmente vultosa visibilidade. As presenças do ministro Luis Barreto, do Turismo, do governador do Rio, Sérgio Cabral, do governador Aécio Neves, de Minas e da poderosa ministra Dilma Roussef, a quem Lula cedeu a maternidade do Plano de Aceleração do Crescimento - PAC, criou expectativa na platéia.
Shows e Discursos
A solenidade iniciou com um clipping de alto nível sobre Minas Gerais e um emocionante show musical com temas mineiros seguidos do pronunciamento gravado da Secretária de Turismo de Minas, Érica Drumond. Seu recado otimista e simpático, num vídeo bem produzido entusiasmou a platéia. O fato de ter sido impedida pelo cerimonial de falar ao vivo não lhe comprometeu o brilho. O presidente da ABAV – Associação Brasileira das Agências de Viagens – Carlos Alberto Amorim Ferreira - fez um discurso inflamado e indignado, principalmente sobre as relações, atualmente nada boas, das agências de viagens com as cias. aéreas estrangeiras.
A Grande Estrela
Aécio Neves foi a grande estrela da peça. Aplaudido desde a chegada, o governador mineiro encerrou seu discurso aberto, sem leitura, dizendo ser acusado por muitos de ser mais carioca do que mineiro. Mas, nas suas palavras, sendo mineiro como também é Dilma Roussef, sabe que “existem apenas dois tipos de brasileiros: O que é apaixonado pelo Rio e o que não conhece o Rio”. No velho e ainda eficiente recurso de frases de efeitos herdado do avô, Aécio arrancou palmas entusiásticas da platéia. O ministro Luis Barreto, do turismo, aproveitou a grande exposição na mídia para ler um extenso e cansativo relatório técnico sobre as realizações de sua pasta.
Expectativa Frustrada
A ministra chefe da Casa civil, Dilma Roussef, foi quem teve o discurso mais infeliz do evento. Leu um texto cheio de jargões, possivelmente redigido por alguém que conhece pouco o setor, ou, que no momento estava sem tempo para reflexões mais profundas ou práticas. Fazendo apelos para a credibilidade do PAC, a ministra só conseguiu transmitir um conteúdo lacônico, autoritário e sem nenhum carisma. Nessa toada, a ministra só conseguirá mesmo é fortalecer a candidatura do PSDB à presidência da República.
Escorregadas
A execução do Hino Nacional, pelo compositor e instrumentista Marcus Vianna e seu violino eletrônico apaixonado, no estilo “new age” provocou um efeito positivo na platéia. Por outro lado, estas inovações na execução do Hino Nacional, meio em moda, atualmente, com arranjos livres e interpretações supostamente mais emotivas, são perigosas. Corre-se o risco de gafes como vimos na rede, um vídeo que mostra a cantora Vanusa errando grosseiramente a letra do Hino durante um encontro de agentes públicos em são Paulo. Marcus Vianna teve ótima performance no Congresso da ABAV, exceto no momento em que, em vez de cantar “... em seu formoso céu risonho e límpido...” saiu “ ...Em seu risonho céu, formoso e límpido...” Recorrendo ao texto, rapidamente ele retoma a letra. Mas no final, ainda suprime parte da letra substituindo-a com improvisos ao violino.
Modismos
Felizmente era o Marcus Vianna, músico maduro e esses pequenos equívocos não lhe comprometem, nem à sua obra. Mas tenho tido uma antipatia solene destes modismos que, sob o pretexto de inovar apaixonadamente a interpretação do Hino Nacional, acaba por comprometer o necessário clima cívico e formal que deve acompanhar uma execução do Hino Nacional Brasileiro, especialmente em solenidades de caráter público. A despeito desses deslizes menores, o 37º Congresso Nacional da ABAV – Feira das Américas foi um marco importante para Minas Gerais e uma visibilidade talvez histórica para o turismo de nosso estado. Minas brilhou como nunca como pólo turístico para o Brasil e para as Américas.
*Paulo Queiroga, correspondente do Diário do Turismo em Minas Gerais escreve em diversos veículos de comunicação no país.
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