quarta-feira, 18 de novembro de 2015

POR QUE NÃO DESISTIR DO BRASIL? por Marcos Balsamão



Na condição de empresário dedicado aos negócios do turismo brasileiro; continuamente atento ao que se passa em toda a cadeia das atividades turísticas; ao papel real e potencial deste setor na economia do nosso país; engajado na organização do nosso meio; comprometido com a leitura contemporânea das exigências do mercado; protagonista das articulações com os principais players e como os responsáveis pelas políticas voltadas para o desenvolvimento turístico e, por fim, como presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagens do Estado de São Paulo (ABAV-SP), tenho motivos de sobra para crer, trabalhar duro e apostar na capacidade de superação do Brasil, em todos os quadrantes da economia, onde o turismo aparece como expoente no âmbito da indústria de serviços.

Cabe arrolar algumas informações relevantes que substanciam e fundamentam nossa crença. Partimos da constatação de que o Brasil é um autêntico continente, que abriga 202 milhões de habitantes. Alcançamos, ao longo das últimas décadas, um elevado grau de autossuficiência naquilo que é essencial. Evoluímos de forma significativa no aprimoramento da nossa matriz energética, onde a produção de petróleo é um dos destaques.

Também somos pioneiros na produção, em escala industrial, do álcool combustível, transformando o etanol em alternativa bem sucedida e viabilizado graças à expansão racional das nossas imensas fronteiras agrícolas e ao desenvolvimento de tecnologias próprias na obtenção desta fonte renovável de energia motriz. Ao mesmo tempo, continuamos investindo na geração de energia elétrica por meio dos nossos recursos hídricos, além da implantação de projetos promissores no campo da energia eólica.

A produção mineral brasileira é um dos esteios do nosso desenvolvimento, onde sobressaem nossas gigantescas reservas de minério de ferro – que alimentam a indústria do aço e derivados e também tem peso significativo enquanto item das nossas exportações. Temos reservas consideráveis de ouro, níquel, urânio, columbita, tantalita, bauxita, cassiterita – entre outros. São ativos invejáveis, que fazem do subsolo brasileiro um tesouro de valor reconhecido no mundo todo. Não bastasse isso, também possuímos uma reserva monumental de água doce, tanto aquela aflorada nos rios caudalosos que correm de norte a sul quanto no subsolo – com destaque para o imenso Aquífero Guarani.

Somos detentores de florestas tropicais de grande porte, hoje submetidas a políticas de manejo sustentável e que nos garantem extraordinário equilíbrio à vida selvagem, às riquezas contidas nos diferentes biomas do país e à produção autossustentável de madeira e biomassa. Por outro lado, o Brasil se tornou um grande produtor de commodities agrícolas, por meio de tecnologia, exploração racional do solo, evolução ainda em curso da intermodalidade e de toda a logística de transportes.

Na pecuária, especialmente a de corte, temos um modelo que se mostra mais e mais bem sucedido, levando em conta a racionalização da produção, respeito ao meio ambiente e controle sanitário que nos torna competitivos no mercado internacional. Hoje conseguimos obter ótimos resultados na geração de riquezas e na melhoria da produtividade com impacto ambiental descendente.

Avançamos muito nosso conhecimento em biotecnologia, com destaque para o manejo dos nossos rebanhos, obtenção de clones e sementes apropriadas às diferentes regiões do país. Vencidas barreiras ainda remanescentes, não temos dúvidas de que o nosso agribusiness, no curso de alguns anos, atingirá o apogeu do desenvolvimento.

E temos motivos para acreditar que seremos os principais fornecedores do mundo, autênticos provedores de uma gama respeitável de commodities agrícolas. Esta perspectiva é percebida por especialistas e homens de negócios do mundo todo, o que podemos testemunhar quando viajamos para o exterior. Tal crença ratifica e atualiza profecia antiga de que o Brasil será “o celeiro do mundo”, por conta da expansão cada vez mais eficiente do nosso agronegócio.

Não galgamos a posição de 7ª economia do planeta por acaso. Conseguimos consolidar, modernizar e imprimir eficiência em nosso sistema corporativo plurissetorial, propiciando uma convivência profícua entre as organizações nacionais e multinacionais. Cresce o número de empresas brasileiras que se tornam multinacionais, com presença em todos os pontos do planeta. Podemos dizer com toda convicção que ingressamos no mundo globalizado pela porta da frente, graças à capacidade, criatividade e tenacidade da comunidade empresarial.

A informatização em todos os níveis veio para suprir a nossa malha corporativa em matéria de conectividade, velocidade e demais atributos que constituem o mundo digital. Nosso sistema bancário é um dos mais avançados do mundo, reduzindo sobremaneira as operações em espécie e instituindo possibilidades comunicacionais à altura do que acontece nos países mais adiantados do mundo.

Há problemas? Há deficiências e gargalos a serem superados? Temos consciência de que sim, considerando que, historicamente, o nosso desenvolvimento conheceu discrepância de ritmo e planejamento nem sempre condizente com as diferenças regionais de um país de dimensões continentais. Ainda enfrentamos desafios em setores como Educação, Saúde e também na implantação de infraestruturas. Nosso país vem se esforçando para superar entraves setoriais, embora em ritmo, muitas vezes, ainda lento.

Temos muito a progredir na oferta quantitativa e, principalmente, qualitativa de escolas em todos os níveis. Do mesmo modo, precisamos reverter indicadores ainda ruins em termos de atendimento à saúde. No que tange à infraestrutura, urge acelerar a melhoria da malha de transportes, incluindo portos, aeroportos, qualidade de rodovias e, principalmente, o setor ferroviário. Temos o conhecimento das carências, mas os investimentos ainda são insuficientes para alcançarmos um patamar condizente com a posição que podemos e queremos conquistar.

Com esse painel sucinto, chegamos ao turismo, a começar pelo turismo corporativo. Cresce a movimentação de executivos das empresas aqui sediadas ao redor do mundo, assim como a vinda aqueles que estão baseados em outras partes do mundo. Hoje dispomos de infraestrutura capaz de garantir excelência às diferentes modalidades e portes de eventos, oferecendo aos executivos internacionais todas as condições para a melhor estada e cumprimentos de suas agendas de negócios.

Do ponto de vista receptivo, temos a nosso favor, especialmente para turismo de lazer, as belezas naturais singulares e distintas que se espalham por todo território nacional. Temos florestas, parques naturais, montanhas e um litoral imenso, com praias paradisíacas – hoje acessíveis e dotadas de excelente infraestrutura hoteleira e de transportes. O Brasil se apresenta ao mundo como um país que dispõe de verão quase o ano todo. A reconhecida hospitalidade brasileira se aprimorou pela crescente qualidade de prestação de serviços, por conta dos esforços continuados dos empresários do setor na qualificação e requalificação da mão de obra.

Essa visão mais e mais profissional dos players do turismo brasileiro potencializou a riqueza gastronômica encontrada em bares, restaurantes, hotéis e resorts de categoria internacional. Aqui o viajante estrangeiro encontra opções as mais variadas em termos de vida noturna, onde não faltam música, dança e atrativos culturais para todos os gostos. Há que se lembrar que o Brasil tem no futebol a já consagrada paixão nacional, hoje fortalecida com estádios modernos e de grande porte nas principais cidades do país.

Para fechar essa breve exposição, algumas palavras sobre o Estado de São Paulo, o qual eu represento no âmbito do turismo enquanto presidente da ABAV-SP. Somos o estado mais populoso da República Federativa do Brasil, com 44 milhões de habitantes ou mais de 20% da população do país. A capital do Estado, São Paulo, reúne 12 milhões de habitantes e é a mais rica cidade brasileira, com participação de maior destaque no PIB Nacional.

Somada a grande região metropolitana de São Paulo, a megalópoles gera milhões de empregos, concentra grandes universidades e aeroportos de grande porte. Para se ter uma ideia da pujança do Estado de São Paulo, trata-se da unidade da Federação que reúne 50% da movimentação de todas as operações turísticas do Brasil, gerando em torno de 9 milhões de empregos.

Diante desse quadro, suponho ter respondido à pergunta “Por que não desistir do Brasil?” A despeito de aspectos conjunturais eventualmente desfavoráveis, temos motivos para acreditar que as turbulências são naturais e sazonais e perfeitamente superáveis. Nossa convicção é que a atividade turística é o vetor de desenvolvimento econômico e social mais vigoroso e viável do país, capaz de alavancar a presença cada vez mais destacada no cenário internacional. São Paulo e o Brasil, estejamos certos, estão prontos para receber os viajantes do mundo inteiro e deixar em cada um uma lembrança boa, com sabor de “quero voltar” para cá mais e mais vezes.

Muito obrigado!

Marcos Balsamão
Presidente da ABAV-SP

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